terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Tudo sobre minha mãe (1999)

É até difícil falar de um filme tão grandioso e tão forte como 'Tudo sobre minha mãe'. Com pequenas mensagens e grandes atuações, a obra-prima de Almodóvar emociona.

Depois de ter seu filho Esteban (Eloy Azorín), atropelado quando o leva para ver a peça 'um bonde chamado desejo', Manuela (Cecilia Roth) resolve então ir de encontro ao pai, que vive em Barcelona, para dar-lhe a notícia, quando encontra no caminho o travesti Agrado (Antonia San Juan), a freira Rosa (Penélope Cruz) e a própria Huma Rojo (atriz da peça).

O filme é, principalmente, uma belíssima homenagem às mulheres.
Na obra, vale ressaltar a atuação de Antonia San Juan, que interpreta o travesti 'Agrado'. Eu gosto de deixar passagens dos filmes, dessa vez eu decidi colocar o antológico 'Monólogo de Agrado', uma das partes mais interessantes do filme, e, a
situação é baseada em fatos reais.

Almodóvar é um cineasta único. Há muito pouco o que explicar, muito pouco que seja racionalmente explicável. Almodóvar usa outros canais para se comunicar com seu público. Prefere o tato, as cores, os sons, os sentimentos. Assim como a personagem de Cecília Roth, sente e improvisa, e com isso, é capaz de fazer qualquer coisa.

'Cancelaram o espetáculo. Aos que quiserem será devolvido o ingresso. Mas aos que não tiverem o que fazer e já estando no teatro, é uma pena saírem. Se ficarem, eu irei diverti-los com a história de minha vida. Adeus, sinto muito [aos que estão saindo]. Se ficarem aborrecidos, ronquem, assim RRRRR. Entenderei, sem ter meus sentimentos feridos. Sinceramente. Me chamam Agrado, porque toda a minha vida sempre tento agradar aos outros. Além de agradável, sou muito autêntica. Vejam que corpo. Feito à perfeição. Olhos amendoados: 80 mil. Nariz: 200 mil. Um desperdício, porque numa briga fiquei assim [mostra o desvio no nariz]. Sei que me dá personalidade, mas, se tivesse sabido, não teria mexido em nada. Continuando. Seios: dois, porque não sou nenhum monstro. Setenta mil cada, mas já estão amortizados. Silicone... ¾ Onde? [Grita um homem da platéia]. Lábios, testa, nas maçãs do rosto, quadris e bunda. O litro custa 100 mil. Calculem vocês, pois eu perdi a conta. Redução de mandíbula, 75 mil. Depilação completa a laser, porque a mulher também veio do macaco, tanto ou mais que o homem. Sessenta mil por sessão. Depende dos pêlos de cada um. Em geral duas a quatro sessões. Mas se você for uma diva flamenca, vai precisar de mais. Como eu estava dizendo, custa muito ser autêntica, senhora. E, nessas coisas, não se deve economizar, porque se é mais autêntica quanto mais se parece com o que sonhou para si mesma. '

Ficha:
Tudo sobre minha mãe (Todo sobre mi madre, Espanha, 1999)
Gênero: Drama
Duração: 101 min.
Tipo: Longa-metragem / Colorido
Distribuidora(s): Sony Pictures Classics / 20th Century Fox Film Distributing

Vencedor do:
Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.
Palma de Ouro de Melhor Diretor, no Festival de Cannes.
César de Melhor Filme Estrangeiro.
prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Grande Prêmio Cinema Brasil.
7 Prêmios Goya: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz (Cecilia Roth), Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Produção, Melhor Montagem e Melhor Som. Foi ainda indicado em outras 7 categorias: Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Revelação/Atriz (Antonia San Juan), Melhor Direção de Arte, Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz Coadjuvante (Candela Peña).

Tudo sobre minha mãe. É um filme obrigatório

Norma Desmond

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (4 Luni, 3 Saptamani si 2 Zile )




Bem, vamos lá!
Primeiramente, como de praxe, a ficha técnica:
Gênero: Drama
Diretor: Cristian Mungiu
Duração: 113 minutos
Ano de Lançamento: 2007
País de Origem: Romênia

Palavras-chave para definir o filme?
Cru, denso e principalmente, realista.

A história se desenrola em meio a uma Romênia, no final do decadente regime comunista na Europa, de 1987. Duas amigas que dividem um alojamento estudantil planejam o aborto de uma delas em meio a um cenário desolador, com poucos recursos e marcadas pelo medo de serem descobertas. Não se trata de uma história de heroínas, muito menos de rebeldes. Trata-se da realidade crua em tempos ditatoriais, onde os cidadãos, coagidos pelo Estado, são tratados até mesmo por uma recepcionista de hotel, como se pode observar no filme, de modo grosseiramente autoritário.

É um filme pesado e a questão não é levantar discussões acaloradas sobre um tema altamente polêmico, como é o aborto, mas sim, passar-nos o fato e esse é o seu impacto.

Segundo o diretor, que está incluído no projeto denominado “Tales from the Golden Age”, que consiste em mostrar, através de filmes, lendas urbanas do período ocorridas durante o comunismo no país, a história passada no filme foi baseada em acontecimentos reais.

Vencedor da Palma de Ouro e o Prêmio FIPRESCI, no Festival de Cannes em 2007 merecidamente.
O cinema romeno está vindo com tudo.

¡Hasta la vista, amigos!
Blanche.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Valentin (2002)

O cinema latino ainda vai conquistar o mundo. 'O filho da noiva', 'Nove Rainhas', 'Tudo sobre a minha mãe' e 'Valentin' são provas do fantástico crescimento dos hermanos.

Valentin, obra argentina, vem com um enredo tocante, que é visto pelos olhos inocentes de uma criança, interpretada pelo fantástico Rodrigo Noya, que é o personagem-título.

Após a separação dos seus pais, a criança começa a viver com a sua amargurada avó, que ainda chora a perda do marido. Com poucos amigos da mesma idade e com um sonho, o de ser astronauta, Valentin encara a vida como um adulto, tendo suas preocupações e tarefas.

Com atuações excepcionais, principalmente a de Rodrigo Noya, que foi a escolha perfeita para o papel, o filme emociona.

Comoção, lições e uma leve pitada de humor.


'Mas esse Gagarin, me passou a perna'

Ficha:
Valentin (Valentin, Argentina, 2002)
Gênero: Drama
Duração: 86 min.
Tipo: Longa-metragem / Colorido
Distribuidora(s): Buena Vista

Vencedor do Prêmio Especial do Júri e a Menção Especial - Júri da ACCA, no Festival de Mar Del Plata.

Valentin. Eu Recomendo

Atenciosamente, Norma Desmond


sábado, 26 de janeiro de 2008

...E o Vento Levou (1939)


Ok, Ok, você pode perguntar: “...E o Vento Levou? Mas pra quê desperdiçar um post com esse filme, afinal, quem nunca o assistiu?” Bem, justamente por esse último comentário que ele merece o primeiro post. Com um vencedor de 10 Oscars e com uma bilheteria, em valores atualizados, de 2,6 bilhões de dólares (Titanic, who?!), não tem nem o que discutir, ele terá sempre o seu espaço.
Pois bem, vamos lá!

Primeiramente a ficha técnica:
Título Original: Gone With The Wind
Ano de Lançamento (EUA): 1939
Tempo
de Duração: 241 minutos (isso mesmo, 4 horas!)
Direção: Victor Fleming
(o mesmo de tantos outros como O Mágico de Oz, Marujo Intrépido, etc.)

Quem nunca assistiu, viu ao menos uma parte ou pelos menos ouviu falar em ...E o Vento Levou? Baseado num romance de Margareth Mitchell (que dizem as más línguas teria se inspirado na mãe do presidente americano Theodore Roosevelt para caracterizar a personagem Scarlett), o filme se passa em meio a Guerra Civil Americana e a posterior reconstrução do país, sob um aspecto sulista e acompanhando as peripécias de sua protagonista em alcançar seus objetivos.

Na época das filmagens foi um verdadeiro estardalhaço conseguir finalizar a produção. Um tal de entra e sai de roteiristas e diretores (a maioria não creditados), quilômetros de filme gravados (mais de 28 horas). Mas nada disso interfere na beleza e qualidade da película.

Os diálogos são lembrados na ponta da língua; a atuação excepcional dos atores coadjuvantes, de Clark Gable e principalmente de Vivien Leigh como Scarlett O'Hara, mimada e manipuladora, que até hoje nos encanta por tamanha qualidade, afinal ela era Scarlett realmente; a direção de arte impecável, enfim um filme que marcou gerações.

...E o Vento Levou certamente não é a obra-prima do cinema americano, mas definitivamente é o filme ‘Hollywoodiano’ mais popular de todos os tempos, seja pelo glamour, pelos excessos da produção e mitos envolvendo a sua realização. Tudo isso o imortalizou, tornando um dos filmes mais amados do cinema.

"As God as my witness they're not going to lick me. I'm going to live through this, and when it's all over I'll never be hungry again. No, nor any of my folk. If I have to lie, steal, cheat or kill; as God as my witness, I'll never be hungry again." - Scarlett.

Au revoir, mates


Blanche.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O filho da noiva (2001)


De tantos filmes alternativos que eu poderia escolher para ser o meu primeiro, acabei optando pelo 'filho da noiva', a obra de arte de Campanella.

Sem fórmulas hollywoodianas e sem precisar ser apelativo, o filme emociona. A primeira vista, pode parecer um 'dramalhão' de um homem, que, aos quarenta anos, que tem uma vida desorganizada e uma mãe com alzenheimer... mas não se engane!

O longa tem muitas tiradas inteligentes e um elenco de qualidade. Os atores dão um show de representação, vale ressaltar Norma Aleandro, que interpreta o papel da mãe de Rafael (Ricardo Darín).

O cinema argentino é maravilhoso, ainda espero ter o prazer de falar sobre várias obras dos hermanos! Com uma indicação ao Oscar de 'Melhor filme estrangeiro' (2001), o filme é um exemplo da fantástica parceria entre Juan José Campanella e Ricardo Darín!


''Deus é velho, ele vai entender meu pai''.


'Deus não é velho nem jovem, homem nem mulher, branco ou negro"


''padre, esse é Michal Jackson''.


Ficha:
O Filho da Noiva (El Hijo de la novia, Argentina, 2001)
Gênero: Comédia, Drama
Duração: 123 min.
Tipo: Longa-metragem / Colorido
Distribuidora(s): Europa Filmes


O filho da noiva. Recomendo!


Atenciosamente, Norma Desmond

ps¹: Agradecimento especial ao blogdoed, que me ajudou com uma velha curiosidade! Muito obrigada!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Let's get this started..

Bien.. vamos lá.

Tendo como ponto de partida uma idéia da Norma, surgida em meio ao trânsito aliás, começamos esse blog com o intuito de discutir, descrever e por que não, criticar filmes, sejam eles novos, antigos, alternativos, etc.

Com o tempo vocês começarão a perceber melhor o estilo de cada uma tanto no modo de escrever como no quê escrevemos. E para desde já perceberem a idéia do título foi uma sugestão minha, saudosismo apenas, afinal E o vento levou.. (1939) é um dos meus preferidos, diga-se de passagem.. E para começar com o pé direito apenas uma dica: vale apena passar quase 4 horas grudada na tevê assistindo, um filme imperdível. No próximo post aprofundaremos mais o filme.

Enfim, é isso.
Sejam bem-vindos.. au revoir.

Início

Não gosto da prolixidade, não escrevo difícil. A língua portuguesa já é o suficientemente rica, eu não preciso enfeitar. Amo a arte, conseqüentemente, o cinema. Também não gosto quando se referem ao cinema como a 'sétima arte', eu já procurei no google, nunca descobri quais são as outras seis.

Apesar de usar o codinome 'Norma Desmond' (Crepúsculo dos Deuses - 1950), não gosto tanto do 'classic hollywood' quanto a minha companheira de blog, blanche. Prefiro os filmes 'alternativos', e, com prazer, vou falar um pouco dos meus preferidos, dando a minha mais sincera opnião, claro!

Pra começar, sou chata. Odeio rótulos. Para mim, rótulos e tabus existem para serem desmistificados. Gosto de filmes simples, 'não-apelativos', sem fórmulas. Enfim, gosto de filmes que me surpreendem!

Espero que esse seja o início de um bom blog aberto a discussões sobre os mais diversos filmes, have fun!

ps¹: Se alguém leu esse post e sabe quais são as outras 'seis artes', me avise, pleease!


Norma Desmond